quarta-feira, 13 de abril de 2011

Balanço de 3 fins-de-semana em actividade intensa (II)








XVIII Encontro "Os falares alentejanos, a vida e a luta" (Castro Verde, 2/3Abril2011)

Se as expectativas eram grandes à partida, elas foram largamente excedidas durante todo o encontro, segundo a opinião de participantes e anfitriões. Desde o seu início, este encontro foi marcado pela excelência!

Acompanhados pelo Ricardo, que com o seu saber e entusiasmo tanto enriqueceu a visita, conhecemos a Basílica Real, templo imponente que sobressai do casario baixo da vila, com o altar-mor revestido a talha dourada e as paredes cobertas de ricos painéis de azulejos do século XVIII, que retratam cenas da lendária Batalha de Ourique.

O Museu da Lucerna, cuja visita iniciou as actividades da tarde, abriu as suas portas em Abril de 2004 e reúne um extraordinário espólio de lucernas (luzes alimentadas a azeite) da época romana, descobertas em Santa Bárbara dos Padrões. Trata-se de um conjunto de peças dedicadas ao culto e à divindade, reunidas num dos maiores acervos conhecidos na Península Ibérica.

Ave em risco de extinção, cortiçol é em Castro Verde nome de Cooperativa de Informação e Cultura. Responsável por importante área de dinamização cultural do concelho, para além de ter a seu cargo o Museu da Lucerna, é proprietária da Rádio Castrense, desenvolve actividades na área da defesa e preservação do património ambiental, etnográfico e arqueológico, e ainda acolhe os Grupos Corais "As Camponesas" e "Os Carapinhas". De tudo isto nos foi dando conta o seu Presidente, António José Brito, em animada conversa enquanto percorríamos as instalações da Cooperativa.

A maestria, o entusiasmo e a capacidade de comunicar foram os temperos com que três grandes senhoras nos brindaram com o seu saber sobre o falar e os falares do Alentejo. Manuela Florêncio, Manuela Barros e Alice Fernandes, à mistura com a irreverência bem-disposta e sagaz do Miguel Rego, que moderou o debate, explicaram-nos os quês e os porquês de falar “assim ou assado”. Um fim de tarde que ameaçava eternizar-se, não fossem os apelos do saboroso borrego guisado que nos esperava ao jantar.

No domingo, logo pela manhã, vimos um filme em que nos foram apresentados todos os vectores de cultura e desenvolvimento que tornam Castro Verde uma terra de progresso e das poucas, senão a única do interior do país, em que tem ocorrido aumento de população nos últimos anos. Em seguida, rumámos a São Marcos da Atabueira, não sem antes pararmos na Ermida de Nossa Senhora de Aracelis, local de antigas peregrinações e de onde se desfruta uma deslumbrante paisagem natural.

No Centro Cultural de S. Marcos da Atabueira decorreu a sessão evocativa da figura do grande anarquista António Gonçalves Correia, natural da localidade, com uma intervenção do seu biógrafo Alberto Cardoso Franco, seguida de animação musical com o Grupo Coral Feminino “As Atabuas”. Caixeiro-viajante, profissão que lhe permitia percorrer todo o sul do país, Gonçalves Correia fundou a Comuna da Luz no Concelho de Odemira em 1917(e a Comuna Clarão, em 1926 em Albarraque – Sintra), e, inspirando-se nas palavras do poeta Guerra Junqueiro “há mais luz nas 24 letras do alfabeto do que em todas as constelações do firmamento”, sonhava provar, através de uma experiência inovadora, que era possível substituir pacificamente o Estado burguês por uma organização social mais justa.

Uma palavra especial em relação à presença constante do Vereador Paulo Nascimento que muito contribuiu para que este fim-de-semana ficasse na nossa memória e ficasse também muita vontade de voltar a Castro Verde!


MEG, fotografias de JAF e MEG

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