De um artigo da antropóloga Paula Godinho (Processos de emblematização: fronteira e acepções de “património”) respigo esta passagem que pode constituir motivo de reflexão.
JMP
"Tornado matéria-prima para a construção das culturas nacionais, inócuo e desgarrado do contexto em que emergia, o popular só se tornou objecto de interesse porque o seu perigo foi eliminado.
Antes censurado, vigiado e expurgado pelo seu cariz perigoso e subversivo, passa a estar conotado com a pureza, a inocência, as origens, a ingenuidade, ou a natureza. Esse fenómeno de estetização e preservação do que é arredado dos modos de produção, atribuindo um novo formato mercantil aos recursos culturais e ao conhecimento local, tem como agentes os elementos das elites, em vários patamares, que replicam uma idêntica lógica empreendedora."
Esta atitude, que se refere à reputação do popular junto das elites do século XIX, será ainda actual?
JMP
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