segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Fraternidade em Santana de Cambas




O lançamento do livro "Memórias do Contrabando" constituiu um momento inolvidável, no contexto da fraternidade entre povos que as fronteiras de outrora nunca conseguiram impedir.
Muito importante foi a presença de uma delegação espanhola, nomeadamente do alcalde de El Granado, de Juan Rosa e outros protagonistas, que concederam depoimentos para a obra e na sessão realizada sábado passado partilharam as suas recordações sofridas mas também fraternas, porque era o tempo da Guerra Civil espanhola e Santana de Cambas foi abrigo de foragidos.
Rosa Dias, Sónia Frade, Miguel Rego, o jovem Félix Ramos Toscano, presidente del Foro por la Memoria de Huelva, José Rodrigues Simão, o presidente da Câmara Municipal de Mértola (acompanhado pelo presidente da Assembleia Municipal), o alcalde de el Granado e o autor do livro, além de Francisco Neto e do prof. dr. José Orta, fizeram intervenções, que sublinharam a importância do evento.
Durante 2 horas, seguiu-se uma sessão de autógrafos, o que indicia a dimensão da participação a este acto, prosseguindo o convívio iniciado na nova sede da junta de freguesia local num restaurante dos Corvos, onde se juntaram Eduardo Ramos (e a sua mulher Maria João Ramos, a artesã Janica) que nessa tarde, à mesma hora, actuara no Convento de S. Francisco, na festa dos 25 anos da Associação de Defesa do Património de Mértola. Estiveram presentes, as poetisas São Baleizão e Maria José Lascas, Ana Fonseca e Manuel Silva.
Uma saudação especial aos alpetrinienses Paulo Grilo e Paula Lucas, que apesar de terem ido nesse dia para a Sintra da Beira, não quiseram deixar de ir dar um abraço, assistir e conviver em Santana de Cambas.
Gostaria de dizer-vos que foi um dos grandes momentos da minha existência como ser humano e antropólogo.

(fotografias de Ana Fonseca)

De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 12:17 6 comentários
COMENTÁRIOS
maria lascas disse...
Luís, obrigada por teres ido vasculhar as memórias de portugueses e espanhóis da raia, unidos na busca da sobrevivência das suas famílias através do contrabando (de café bacalhau açúcar...) erguendo-se como homens perante o regime fascista. E lembrar que o olhar da guarda fiscal, era muitas vezes predador, outras humano e condescendente. Obrigada por nos dares a conhecer e ajudares a preservar a nossa História. História ainda viva em alguns dos contrabandistas presentes, espanhóis e portugueses, irmãos e camaradas no sofrimento na valentia e na astúcia... Gostei em especial do Xico Neto com que falei... mas gostei de todos. Porque gosto da verdade, que a História se escreva e se faça justiça aos homens sem nome, porque embora sendo alentejana de Montemor, gostava que Mértola me aceitasse como sua filha natural, tal é o sentimento que me liga à vila e a todo o concelho!Só uma palavra de apreço pela exposição da Guika e outra, de agradecimento muito grande, ao Zé Rodrigues e à Dina pela simpatia e hospitalidade, e ainda pelas migas e à tia Angelina pelas filhós.
19 Dezembro, 2005 13:51
PAULA SILVA disse...
Tive a honra de testemunhar, no lançamento deste livro, a hospitalidade alentejana, o carinho de amigos, histórias de contrabando emotivas, de portugueses e espanhóis... Desfez-se o mito do contrabandista fora-da-lei, para se mostrar o seu humanismo, sacrifício, coragem... na luta pela falta de sentido das fronteiras... tão recentemente conquistada, mas já vaticinada por estas gentes da Raia.Rever amigos como a Ana, o Mané, a Maria José Lascas, a Rosa Dias, a São Baleizão, e claro, o Maçarico (entre outros) foi reconfortante para a alma, como o foi respirar a paisagem alentejana, recordando uma viagem por aquelas bandas, há mais de 8 anos, com o Luís, em Mértola e também ali, em Santana de Cambas, Minas de S. Domingos, Pomarão. O almoço na Vidigueira, com sopa de cação e tudo foi soberbo! O calor humano na sala da Junta de Freguesia foi inolvidável.Bem Hajas Luís por mais este momento partilhado!...quanto ao livro que já espreitei, o que dizer? apetece reler cada depoimento, porque são tesouros.
19 Dezembro, 2005 15:44
Sonia F. disse...
Luis, foi uma honra (como já te disse pessoalmente) ter sido convidada para apresentar esta obra tão importante e tão humanista! Tive muita pena de não ter ficado mais tempo. Foi de facto muito sentido tudo o que se ouviu e se viu. Muitos muitos parabéns e muito obrigado por este momento magnífico.
19 Dezembro, 2005 16:11
Guida Alves disse...
Fico feliz por saber que tudo correu pelo melhor, que foi um convívio caloroso, a amizade derramada e repartida. Pena não ter podido ir... Uma próxima vez será!
20 Dezembro, 2005 00:02
Manuel Antunes disse...
Caro Luís Maçarico, Conforme já manifestei no seu blog "Era Uma Vida Triste!..." gostaria de poder usar o testemunho ali reproduzido num trabalho que estou a preparar para a net. Trata-se de um projecto sem fins lucrativos (um hobby praticado por pessoas que gostam de se "perder" no meio da natureza) e que, se fôr bem sucedido, poderá levar algumas dessas pessoas a percorrer os caminhos trihados outrora; sentir o elan dos locais, apreciar as paisagens, passar a fronteira a pé e regressar, procurar os Calvários, sentir o seu significado, etc... Por isso, peço-lhe que me indique um endereço de e-mail para eu lhe enviar o pedido juntamente com os detalhes do trabalho que estou a pensar fazer.
Cumprimentos,Manuel Antunesmantunes@netc.pt (o mail correcto é este)
20 Dezembro, 2005 22:39
augustoM disse...
A raia, e a história o tem provado, não tem nacionalidade, mas somente uma bandeira, a da fraternidade.Um Feliz Natal e a concretização de todos os sonhos em 2006, são os meus votos.Um abraço. Augusto21 Dezembro, 2005 18:28

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