sábado, 20 de outubro de 2012

Aldeia da Estrela, Alqueva. Um futuro adiado?













Em  2 de Julho de 2005, a Aldraba foi a Alqueva num dos encontros que mais marcaram a vida da nossa Associação, quer pelo elevado número de participantes e pela sua adesão e entusiasmo, quer pela relação que se estabeleceu com todos os que nos receberam e com quem pudemos confraternizar. (http://www.aldrabaassociacao.blogspot.pt/2005_07_01_archive.html)

Eram grandes, enormes, as expectativas e as esperanças do povo da aldeia da Estrela num futuro melhor. O grande lago, criam, ia ser o motor do desenvolvimento por que todos ansiavam.

Foi com mágoa que, ao passar os olhos pela recente edição do Diário do Alentejo, li a entrevista dada a Noélia Pedrosa pelo Presidente da Junta de Freguesia da Póvoa de São Miguel, Rui Almeida. Não resisti a transcrevê-la e a deixar aqui o convite para lerem o artigo da mesma jornalista também ali publicado.

"Ser uma das 16 aldeias ribeirinhas tem sido benéfico para a Estrela?
Tem sido benéfico no sentido de dar a conhecer o nome da aldeia. A nível de desenvolvimento não trouxe benefício nenhum.

O Plano de Pormenor da Aldeia da Estrela foi aprovado em agosto último, 10 anos após a inauguração da barragem de Alqueva. No seu entender, o que é que isso representa para o futuro da aldeia?
Sempre afirmei que o Plano de Pormenor da Aldeia da Estrela era a chave para o desenvolvimento da aldeia. No entanto lamentamos que tivesse levado 10 anos a ser aprovado, pois a situação que o País atravessa atualmente é muito diferente da que era há cinco, seis ou sete anos atrás. Hoje praticamente está tudo parado a nível de investimentos.

A Estrela é uma das cinco povoações abrangidas pelo projeto “Aldeias Ribeirinhas do Grande ago Alqueva” que será desenvolvido por recém-licenciados e que visa dinamizar as referidas aldeias. A equipa de estagiários já está a trabalhar? Que projetos vão ser desenvolvidos?
Sim, a Estrela e a Póvoa de São Miguel estão inseridas neste projeto. Os estagiários ainda não estão colocados mas penso que em breve estarão a trabalhar. O projeto é interessante para ambas as partes, pois irá dar emprego a jovens desempregados, ao mesmo tempo que irá beneficiar a freguesia em projetos na área do turismo, agricultura e alguma indústria, como é o caso do fabrico de pão, queijos e enchidos.

Quantos habitantes tem a Estrela de acordo com o Censos 2011 e como se caracterizam em termos demográficos?
A população residente da aldeia da Estrela ronda os 100 habitantes. É uma população muito idosa. Os jovens tiveram de sair para países como a Suíça e a Alemanha.

A que setores de atividade se dedica atualmente a população em idade ativa?
Sem qualquer indústria, com uma agricultura praticamente de subsistência, que apenas emprega algumas pessoas em trabalhos sazonais, com a água da barragem praticamente nos logradouros das suas casas, pouco mais haverá a fazer do que pescar. Infelizmente!"

MEG (Gravura - Plano de Pormenor da aldeia da Estrela)

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Novo livro de Luís Maçarico – A transumância das pequenas coisas


















A propósito da apresentação, em Entradas, do novo livro do associado e dirigente da Aldraba Luís Filipe Maçarico, transcrevemos algumas notas e uma pequena entrevista por ele dada a Paulo Barriga, publicadas no Diário do Alentejo.

"O regresso do poeta do silêncio
Luís Filipe Maçarico
60 anos, natural de Évora
Poeta e ensaísta, Luís Filipe Maçarico fez publicar 14 livros de poesia desde 1991, altura em que deu à estampa Da água e do vento. É técnico superior na Câmara de Lisboa e dedica boa parte do seu tempo livre ao associativismo.
É mestre em antropologia e em história.
Publicou sete livros nestas áreas do conhecimento, entre os quais Aldrabas e batentes de porta – Uma reflexão sobre o património impercetível.

Que transumâncias são estas que agora convergiram neste livro?
É o insistente percurso, rumo a horizontes de liberdade. É a vontade de viver, onde haja indícios de harmonia. É a busca da respiração, à escala humana, num território onde seja possível concretizar sonhos. É a tentativa de aperfeiçoamento, nesta curta passagem. Que se faz com ideais, palavras, mas também com afetos e luta, por uma existência equilibrada e feliz. Este verão, não fiquei um único fim de semana em casa. De Monchique a Évora, de Montejunto a Viana do Castelo e de Odeceixe à Gardunha, a poesia seguiu sempre comigo, pastoreando gestos, emoções, e o espírito dos lugares.

O Luís Filipe Maçarico é um poeta da terra e dos sentidos. É correto afirmar que o Alentejo, a cultura telúrica alentejana, espreita sempre por detrás da sua poesia?
O silêncio é um dos meus alicerces. Desde miúdo que estar só não me desestabiliza. Os desmedidos horizontes são mais inspiradores. Por isso, o sol, o pão, o vinho, o cante, o prazer de uma sombra ou de uma amizade, todas as palavras terrosas e a poesia do Manuel da Fonseca me são vitais. O Alentejo faz parte do ADN do meu imaginário. Évora, urbe à qual regresso frequentemente, é rumor de vozes, com refrigérios para a alma; Beja, percorrida vezes sem conta, para ver florir o sorriso dos amigos; Mértola, terra amada, com aquele Festival único, permitindo viver dias poéticos, entre a multidão, foi a última universidade: por lá concluí o melhor curso, frequentado em fruição absoluta, com colegas, professores e população, inesquecíveis; Santana de Cambas, na raia dos contrabandistas, contribuindo para preservar a memória daquelas práticas numa investigação em livro, que proporcionou um Museu; Castro Verde, campo fecundo para a Poesia, graças ao Presidente Francisco Duarte, ao vereador Paulo Nascimento e ao amigo-poeta Miguel Rego, que fizeram com que as asas do sonho não ficassem na gaveta das utopias. Felizmente, são inúmeros os sítios, onde vivi e a poesia irrompeu. Creio que haverá muito pouco terreno, entre a serra de S. Mamede e os confins de Almodôvar e Ourique, onde não fiz um verso.

Para além de poeta, também é ensaísta na área da antropologia e da história. Que futuro, que esperança, consegue descortinar para o homem que habita este território histórico e cultural que é o Alentejo?
Se houver sabedoria, para manter o equilíbrio entre a terra, as gentes e os bichos, se o património identitário marcar uma forte presença no quotidiano, o Alentejo poderá ser um bom lugar para viver. Assim, os alentejanos saibam criar riqueza, unindo esforços para não deixar morrer o sonho.

Conforme revela a autora do prefácio a este livro, a professora Maria Antonieta Garcia, o Luís Maçarico é um poeta que “sonha fraternizar o mundo”. Acha mesmo que ainda sobra espaço para a fraternidade no mundo em que vivemos?
Nunca, como hoje a partilha foi tão premente, entre amigos, nas coletividades, nas autarquias, nas ruas, contrariando os déspotas, que tudo inventam para nos desumanizar, para nos fazer acreditar que o umbigo é quem mais ordena!
Paulo Barriga"

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Pelo Bairro da Graça, com o Maria Pia Sport Clube e o Grupo Os Cinco Réis











































                                                                                                                                                         Na passada 6ª feira, 12 de Outubro, fomos conhecer duas colectividades do Bairro da Graça, em Lisboa - o Maria Pia Sport Clube e o Grupo Os Cinco Réis. Pela mão do Augusto Teixeira e do Jorge Baleizão, membros das suas direcções, soubemos como vivem, quais as suas preocupações, que caminhos vão trilhando e que respostas dão hoje à comunidade em que se inserem.

Uma palavra especial para salientar a vivacidade da Lina e a sua massada de peixe! Com alegria e uma enorme sabedoria, esta nazarena lá nos foi mostrando como se dá a volta às voltas que a vida nos dá!

De cariz diferente, a primeira com uma aposta forte no desporto para as camadas juvenis da população e a segunda mais virada para as questões recreativas e culturais, ainda hoje desenvolvem papel importante na vida do Bairro.
“Há muitos anos que os ex-alunos do Asilo Maria Pia vinham idealizando a organização de uma colectividade que, depois da saída do aluno do Asilo, fosse uma casa sua onde, pelo convívio dos seus condiscípulos de ontem, formasse um laço bem apertado da sua união, para na luta pela vida sentir-se acompanhado por alguém que o amparasse e guiasse nos seus primeiros passos.” (Boletim do Asilo Maria Pia Sport Clube, de 1-12-1923, a propósito da comemoração do primeiro ano da sua existência).
Com o passar dos tempos mudaram as pessoas e os contextos, a vida já não é igual no Bairro da Graça. No entanto, o espírito então enunciado manteve-se. Conforme nos afirmou cheio de orgulho o amigo Augusto Teixeira, os que passaram pelo Maria Pia Sport Clube quando meninos voltam sempre, seja para treinar os mais novos – foram grandes os sucessos do clube no basquetebol, seja para lhes proporcionar ensino gratuito quando o insucesso escolar anda por perto.
Criado em 1907, o Grupo dos Cinco Réis escolheu para o seu nome a designação da moeda mais pequena que então existia e que era, ao mesmo tempo, aquilo que cada sócio pagava de quota. Nos seus estatutos pode ler-se “tem por fim promover e desenvolver actividades de carácter recreativo, desportivo e cultural e a formação social e cívica dos seus sócios…de acordo com os direitos dos cidadãos, com vista ao desenvolvimento harmonioso da sua personalidade.” 

Bem hajam amigos pelo calor com que nos receberam, pelo sentido cívico e sacrifício da vida pessoal com que levam este trabalho por diante!

MEG (fotografias de LFM e MEG)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

12º jantar-tertúlia, na coletividade "Grupo dos Cinco Réis", no próximo dia 12 de outubro (6ª feira)

















A Aldraba vai realizar o seu 12º jantar-tertúlia em casas regionais e coletividades sedeadas em Lisboa, no próximo dia 12 de outubro, 6ª feira, pelas 20.00h, na coletividade "Grupo dos Cinco Réis" (Rua da Graça, 162/1º, Lisboa).

Na ocasião teremos a companhia de dirigentes do grupo onde se realiza o jantar, e ainda do amigo Augusto Teixeira, da direção do "Maria Pia Sport Clube". Trata-se de duas antigas coletividades de Lisboa, com sede no bairro da Graça, através das quais contactaremos, mais uma vez, com o mundo do associativismo popular.

O preço do jantar será de 12,5€ por pessoa, e a ementa constará de entradas, massada de peixe, sobremesa (doces e fruta), bebidas (vinhos, águas e sumos) e café.

As inscrições deverão ser feitas, até ao próximo dia 10/10, junto do Nuno Silveira - TM 962916005, da Maria Eugénia Gomes - TM 919647195, ou para o e-mail da Aldraba aldraba@gmail.com

MEG