domingo, 29 de novembro de 2009

Pelas terras de Aljezur - 28 e 29 de Novembro




Vindos de vários pontos do país, as duas dezenas e meia de associados e amigos da Aldraba demandaram Aljezur preparados e animados para mais uma descoberta ao sul.

O nevoeiro cerrado e alguns desencontros na partida de Lisboa não nos fariam esmorecer, tanto mais que tínhamos pela frente um fim-de-semana com um programa aliciante e meticulosamente preparado com a colaboração dos amigos da Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur (ADPA).

Programa cheio e de que é difícil salientar qualquer dos seus momentos, de tal maneira foi importante conhecer, desde logo o trabalho da ADPA, mas também o da Associação de Produtores da Batata Doce ou do Clube Recreativo e Folclórico Amador do Rogil, trocar ideias com todos os que nos acompanharam, incansáveis em conhecer-nos e dar-se a conhecer a si, à sua terra, ao seu trabalho e às suas expectativas e sonhos.

Falámos do passado, da II Guerra Mundial, da Batalha de Aljezur e das memórias, ainda hoje vivas, dos episódios que o povo testemunhou daquele conflito longínquo e terrível, do presente e do futuro ficamos a conhecer os projectos em que estão envolvidos e o entusiasmo que colocam nos desafios actuais e vindouros.

Seja no plano cultural, apoiando as escavações no Ribat, recuperando peças únicas do arquivo municipal ou divulgando as belezas e potencialidades do concelho através da edição de múltiplas publicações, seja ao nível do desenvolvimento económico da região, nomeadamente à volta da cultura da batata doce, é firme propósito destes nossos amigos levar o nome de Aljezur cada vez mais longe e com cada vez maior prestígio.
MEG

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

XV Encontro “Ver, ouvir e saborear ao Sul”- Aljezur, 28/29.Nov.2009





A Aldraba vai levar a efeito o seu XV Encontro no concelho algarvio de Aljezur, no fim de semana de 28 e 29 de Novembro de 2009, centrado nos usos e tradições da população local, e ainda nas memórias populares relacionadas com a 2ª Guerra Mundial.

O Encontro conta com o apoio da Câmara Municipal de Aljezur, e a colaboração activa dos amigos da Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur (ADPHA) e da Associação dos Produtores de Batata Doce de Aljezur (APBDA).

Está programado que visitemos os locais e os acervos museológicos mais significativos da história de Aljezur, que ouçamos os testemunhos e os registos da memória popular local, e que degustemos as delícias da gastronomia da região (com especial destaque para a batata doce).

Daí, o título que entendemos atribuir a esta nossa nova incursão no Sul do país…

O Encontro iniciar-se-á às 11h30m de sábado, sendo a concentração no largo em frente da Câmara Municipal, na parte nova da povoação. Os participantes que partam de Lisboa concentram-se na Praça de Espanha, pelas 8h, frente ao local onde era antes o Teatro Aberto, e os restantes dirigem-se pelos seus meios para o ponto de encontro em Aljezur. Nessa parte final da manhã, teremos uma pequena visita de reconhecimento ao centro da vila, e à sede da ADPHA, cuja actividade nos será apresentada pelos seus Presidente José Manuel Marreiros e Vice-Presidente José Francisco Estêvão.

O almoço de sábado, com entradas, prato principal e sobremesas típicas da região, terá lugar no restaurante Chefe Dimas, de onde nos deslocamos depois para a povoação do Rogil, a pouca distância de Aljezur. Aí, com a colaboração da APBDA, realizaremos uma sessão em sala – que inclui uma apresentação sobre o que foi a batalha aérea de Aljezur, de Julho de 1943 (entre aviões ingleses e da Alemanha nazi, tendo sido abatido sobre os arredores da vila um bombardeiro alemão), e também testemunhos sobre a vida dos artesãos e agricultores do concelho.

Também no Rogil, teremos no final da tarde uma refeição volante, com petiscos e doces facultados pela Câmara Municipal, e à noite um convívio com poetas e músicos populares. O alojamento será na residencial “Alcatruz”, que comporta quartos duplos e alguns individuais.

No domingo de manhã, efectuaremos visitas guiadas aos museus de Aljezur, ao Castelo e ao Ribat da Arrifana, terminando o Encontro com um almoço, de novo com ementa típica, no restaurante Pont’a Pé.

Os custos da participação no Encontro por pessoa, incluindo refeições, alojamento e transporte Lisboa-Aljezur-Lisboa em autocarro fretado, importarão em 70 € para os associados, e 75 € para não associados. Os participantes que necessitem de usar automóvel particular pagarão, respectivamente, 50 ou 55€. Quem necessite de ficar alojado em quarto individual terá de suportar um suplemento de 10€.

As inscrições para participação no XV Encontro devem ser feitas até 24 de Novembro, 3ª feira, através dos telemóveis da Natividade Anastácio (963967534) ou da Mª Eugénia Gomes (919647195).

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Acepções de património



De um artigo da antropóloga Paula Godinho (Processos de emblematização: fronteira e acepções de “património”) respigo esta passagem que pode constituir motivo de reflexão.

"Tornado matéria-prima para a construção das culturas nacionais, inócuo e desgarrado do contexto em que emergia, o popular só se tornou objecto de interesse porque o seu perigo foi eliminado.
Antes censurado, vigiado e expurgado pelo seu cariz perigoso e subversivo, passa a estar conotado com a pureza, a inocência, as origens, a ingenuidade, ou a natureza. Esse fenómeno de estetização e preservação do que é arredado dos modos de produção, atribuindo um novo formato mercantil aos recursos culturais e ao conhecimento local, tem como agentes os elementos das elites, em vários patamares, que replicam uma idêntica lógica empreendedora."

Esta atitude, que se refere à reputação do popular junto das elites do século XIX, será ainda actual?

JMP

Castanhas e Magustos

Oriundo da Ásia, ao que se supõe, e chegado à Europa há mais de três mil anos, o castanheiro que existe em quase todo o interior centro e norte do país, é hoje considerado uma árvore autóctone de tal maneira pegou e se desenvolveu nas nossas terras.

As suas sementes – as castanhas, foram a base da alimentação de transmontanos e beirões nos séculos XVII e XVIII em substituição da batata e do pão. Chegaram aos nossos dias como um pitéu e já entraram na tradição associadas aos Magustos, ao S. Martinho e à água-pé ou à prova do vinho novo. No dizer do adágio popular: “Pelo S. Martinho vai à adega e prova o vinho”.

Recordo, a todos os que tivemos o privilégio de estar no encontro da Aldraba no Fundão, em Dezembro de 2007, o magnifico ambiente criado pela Associação de Convívio e Amizade nas Donas à roda do Magusto que prepararam para nós.

Foi uma noite fantástica. A alegria de anfitriões e convidados à volta das labaredas da caruma a arder no chão da eira e das castanhas a estalar e a saltar aos nossos pés, juntou-se ao frio de Dezembro, à noite e ao nevoeiro que envolviam a serra e tornavam irreais as luzes nas aldeias mais próximas.

Hoje é dia de S. Martinho, que vivam as castanhas e o vinho novo!

Mais informação sobre o tema das castanhas, que reputo de grande importância e actualidade, disponível nestes dois endereços: http://www.cm-mirandela.pt/index.php?oid=3624 e http://cafeportugal.net/pages/dossier_artigo.aspx?id=1295

MEG

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O rei vai nu!


As histórias da nossa infância remetem-nos para um tempo de ingenuidade e de sonho, onde certas verdades, incómodas para a sociedade estabelecida, também tinham o seu lugar.

Esta manhã, em conversa ligeira com um colega finlandês presente na mesma reunião internacional em que eu estava, fiz-lhe um reparo sobre a página electrónica do serviço da Comissão Europeia em que ele trabalha. E comentei que tal incorrecção (falta a ligação ao principal texto legal aplicável no seu sector, enquanto é possível chegar directamente a uma multidão de textos secundários...) certamente já foi notada por muita gente, mas ninguém é capaz de o dizer aos responsáveis.

Provocando o Timo Altonen, disse-lhe que fazia lembrar um conto infantil que conheci há muitas décadas em Portugal, em que uma criança denuncia na praça pública que o rei vai nu no seu habitual desfile, enquanto os cortesãos e o povo atemorizado repete, respeitosamente, que são tão belas as roupas de Sua Majestade!

Para meu espanto, responde-me o colega nórdico, que vive em Bruxelas e que hoje estava comigo em Genebra, que sim senhor, estava de acordo, pois também na sua infância conheceu a mesma história, e há de facto situações como esta em que as pessoas se "auto-hipnotizam" e perdem a sua capacidade crítica, seduzidas como estão pelas conveniências sociais.

Grande lição esta. Temos patrimónios populares que até são comuns a muitos povos, temos memórias e sabedorias com tanto potencial, e tantas vezes as reprimimos.

Venham outras memórias infantis até ao nosso blogue, e lutemos contra o seu apagamento...

JAF, gravura reproduzida do blogue "Dragoscópio"