sábado, 31 de dezembro de 2005

Os Alentejos visitados











Uma visita detalhada a Arraiolos, a vila azul.

Entretanto o tempo turva-se, caem uns chuviscos, e Igrejinha... uma aldeia, não pode mostrar-se no seu brilho policromático.

A barragem do Divor já vai mostrando um nível de águas razoável...

Tinhamos no roteiro "turístico" uma referência ao Castelo do Mau Vizinho ou da Pontega, ali já a 4 km de Igrejinha. A caminho de Azaruja, para trás e para a frente, e castelo... nada! Nova consulta ao "GPS" e o dito fica dentro de uma herdade. Portão aberto, entramos meio desconfiados, fazemo-nos ao caminho de lama e de jipes. Adiante, e sem castelo no horizonte, o monte apinhado de gente e cavalos em ar de regresso de caçada grossa. Olho desconfiado em cima do Punto, ninguém se afasta que "isto aqui não é o da Joana", mas lá se consegue romper caminho... até uns 50 metros adiante. Porque do castelo, nem uma pedra! Tornamos à estrada, orelha murcha, mais ainda por só nos vermos rodeados de vedações de arame, como num campo de concentração. Alentejo privatizado em zonas de caça associativa?

A impressão é reforçada com outra baldada visita ao Solar da Sempre Noiva. Os mesmos arames, a mesma procura por caminhos do demo, e como resultado um belo palacete de portões fechados. Uma matilha de rafeiros alentejanos rosna por trás das grades e mostra uns caninos ameaçadores. Até a caseira, obediente às patronais ordens, quando perguntada se podemos assomar ao pátio para ver melhor as janelas manuelinas, responde com um áspero e definitivo NÃO! Irra, que já é azar...

Resta-nos rumar a Graça do Divor, onde um acolhedor madeiro fumega no largo...

Mas regressamos a casa com uma pergunta (im)pertinente: de quem é afinal o Alentejo e os seus monumentos?

De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 9:25 PM 8 opiniões
COMENTÁRIOS
Zecatelhado disse...
Belas fotos e...boa pergunta final.Amiga;Que 2006 seja "o tal" ano de venturas e desejos realizados que estavas à espera.Aquele @bração doZecatelhado
Dom Jan 01, 12:50:00 PM
AnaCristina disse...
É muito bom voltar do Alentejo e vê-lo percorrer sozinho estes blogues... A Igrejinha manteve-se gelada no Natal, mas recebeu todos os seus com o carinho e má-língua característica de terra pequena...Obrigada pela visita.
Dom Jan 01, 11:46:00 PM
zedtee disse...
Pois é, Margarida, qualquer dia será preciso tirar bilhete para se andar no Alentejo, que isto está cada vez mais igual ao antigamente...Um bom ano de 2006 para si e para os seus.
Seg Jan 02, 05:02:00 PM
Anónimo disse...
Concordo que seja difícil visitar muita coisa no Alentejo (e no resto do país, não será?), mas gostava que lhe entrassem porta adentro da sua casa, sem respeito nenhum pelo que é seu? Muitas casas apalaçadas e outros monumentos estão hoje fechados ao público porque são privados e os visitantes, quando a entrada era fácil, lá fizeram muitas "maltesarias"...Nunca mais me esqueço de um sítio arqueológico, no Alentejo, em terrenos privados, que foi vandalizado por um grupo de excursionistas (vândalos) nortenhos, que chegaram ao cúmulo de fazer de wc uma anta milenar, deixando tudo porco e cheio de lixo... Depois desta visão pagaram todos os outros, os turistas interessados e os "freaks", já que a zona foi vedada.Bom Ano
Seg Jan 02, 06:58:00 PM
oasis dossonhos disse...
um 2006 mais livre e com saúde de ferro para enfrentar a estupidez e os obstáculos aberrantes, como estes de que falas.A par das naturais dificuldades que todos temos de vencer...Beijo amigoL.
Ter Jan 03, 12:20:00 PM
Anónimo disse...
Bom dia
Ontem vi o blogue e tomei a liberdade de o reencaminhar a alguns amigos da zona, nomeadamente à presidente da Junta de freguesia de Arraiolos.As fotos estão um espectáculo. A da Graça do Divor, aldeia onde nasceram grande parte dos familiares do Manuel, vê-se a antiga escola primária (primeiro andar ao fundo) e do lado direito do madeiro, a primeira porta, a casa do tio Patanisca (assim chamado por toda a aldeia), homem forte e robusto, que cedo ficou sem pernas e preso a uma cadeira de rodas, fruto de um acidente, mas tal facto não o impediu de ser um lutador de causas justas, nomeadamente na distribuição da terra a quem a trabalha. A seguir, a casa do tio João (tio do Manuel), homem de um saber especial e de uma inteligência manhosa que só alguns alentejanos, por força da vida, a sabem ter. As casas foram vendidas a outras "gentes", a "stressados" urbanos...Em frente das casas que indico fica a Casa do Povo.Há 30 anos atrás todas as decisões da aldeia eram discutidas naquele largo. O Castelo de Arraiolos, tem uma vista particularmente bonita, diz-se que tem a forma arredonda porque foi construído em tempo de paz, na Idade Média, tendo como construtor/autor - João Simão arquitecto nomeado em 1306. A Rosa mora exactamente na franja do Castelo, do lado esquerdo da foto. São Gregório, Aldeia da Serra e Santana do Campo são aldeias particularmente bonitas. A Sempre Noiva, solar de muitas crenças e lendas, há muito foi "vendida"(?) diz-se, a um arquitecto de Lisboa, foi recuperado e deixou de poder ser visitado. As herdades circundantes, que outrora integravam projectos colectivos de sonhos e desenvolvimento comunitário também hoje são explorações privadas. Muito obrigada, pela lembrança de me divulgares este "blogue". Integraste a comitiva deste passeio? Um dia vem visitar Arraiolos, vem visitar-nos... Nós vivemos entre Arraiolos e as Ilhas é um sitio muito bonito, chamado Horta dos Mosqueiros.
Um forte abraço
Celeste Mesquita
Qui Jan 05 11:44:00 AM
Anónimo disse...
Olá, Guida
Como vês, o teu incansável trabalho de militância cultural e cívica vai dando os seus frutos.
Pensei que gostarias de conhecer a reacção que recebi já de uma das minhas duas amigas, e também colegas (trabalham na Delegação da DGTT de Évora), que entretanto moram em Arraiolos. Trata-se da chefe de secção Celeste Mesquita, cujo marido (Manuel Sofio Nobre) tem raízes familiares na Graça do Divor.
De caminho, a Celeste conta muitos factos ocorridos por aquelas paragens, cuja memória é importante retermos.
E talvez até a nossa Aldraba um dia possa fazer qualquer coisa naquela área, não achas?
Está à vontade para, se te interessar, comunicares tu própria com esta malta.
Grande beijo
Zé Alberto
Qui Jan 05 12:39:00 AM
Guida Alves disse...
A todos três um grande abraço.
À Celeste e à Rosa um muito obrigada pela divulgação do blogue e a promessa de uma visita em breve para mais aprender sobre tão belos lugares.
Qui Jan 05 04:28 PM

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Fraternidade em Santana de Cambas




O lançamento do livro "Memórias do Contrabando" constituiu um momento inolvidável, no contexto da fraternidade entre povos que as fronteiras de outrora nunca conseguiram impedir.
Muito importante foi a presença de uma delegação espanhola, nomeadamente do alcalde de El Granado, de Juan Rosa e outros protagonistas, que concederam depoimentos para a obra e na sessão realizada sábado passado partilharam as suas recordações sofridas mas também fraternas, porque era o tempo da Guerra Civil espanhola e Santana de Cambas foi abrigo de foragidos.
Rosa Dias, Sónia Frade, Miguel Rego, o jovem Félix Ramos Toscano, presidente del Foro por la Memoria de Huelva, José Rodrigues Simão, o presidente da Câmara Municipal de Mértola (acompanhado pelo presidente da Assembleia Municipal), o alcalde de el Granado e o autor do livro, além de Francisco Neto e do prof. dr. José Orta, fizeram intervenções, que sublinharam a importância do evento.
Durante 2 horas, seguiu-se uma sessão de autógrafos, o que indicia a dimensão da participação a este acto, prosseguindo o convívio iniciado na nova sede da junta de freguesia local num restaurante dos Corvos, onde se juntaram Eduardo Ramos (e a sua mulher Maria João Ramos, a artesã Janica) que nessa tarde, à mesma hora, actuara no Convento de S. Francisco, na festa dos 25 anos da Associação de Defesa do Património de Mértola. Estiveram presentes, as poetisas São Baleizão e Maria José Lascas, Ana Fonseca e Manuel Silva.
Uma saudação especial aos alpetrinienses Paulo Grilo e Paula Lucas, que apesar de terem ido nesse dia para a Sintra da Beira, não quiseram deixar de ir dar um abraço, assistir e conviver em Santana de Cambas.
Gostaria de dizer-vos que foi um dos grandes momentos da minha existência como ser humano e antropólogo.

(fotografias de Ana Fonseca)

De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 12:17 6 comentários
COMENTÁRIOS
maria lascas disse...
Luís, obrigada por teres ido vasculhar as memórias de portugueses e espanhóis da raia, unidos na busca da sobrevivência das suas famílias através do contrabando (de café bacalhau açúcar...) erguendo-se como homens perante o regime fascista. E lembrar que o olhar da guarda fiscal, era muitas vezes predador, outras humano e condescendente. Obrigada por nos dares a conhecer e ajudares a preservar a nossa História. História ainda viva em alguns dos contrabandistas presentes, espanhóis e portugueses, irmãos e camaradas no sofrimento na valentia e na astúcia... Gostei em especial do Xico Neto com que falei... mas gostei de todos. Porque gosto da verdade, que a História se escreva e se faça justiça aos homens sem nome, porque embora sendo alentejana de Montemor, gostava que Mértola me aceitasse como sua filha natural, tal é o sentimento que me liga à vila e a todo o concelho!Só uma palavra de apreço pela exposição da Guika e outra, de agradecimento muito grande, ao Zé Rodrigues e à Dina pela simpatia e hospitalidade, e ainda pelas migas e à tia Angelina pelas filhós.
19 Dezembro, 2005 13:51
PAULA SILVA disse...
Tive a honra de testemunhar, no lançamento deste livro, a hospitalidade alentejana, o carinho de amigos, histórias de contrabando emotivas, de portugueses e espanhóis... Desfez-se o mito do contrabandista fora-da-lei, para se mostrar o seu humanismo, sacrifício, coragem... na luta pela falta de sentido das fronteiras... tão recentemente conquistada, mas já vaticinada por estas gentes da Raia.Rever amigos como a Ana, o Mané, a Maria José Lascas, a Rosa Dias, a São Baleizão, e claro, o Maçarico (entre outros) foi reconfortante para a alma, como o foi respirar a paisagem alentejana, recordando uma viagem por aquelas bandas, há mais de 8 anos, com o Luís, em Mértola e também ali, em Santana de Cambas, Minas de S. Domingos, Pomarão. O almoço na Vidigueira, com sopa de cação e tudo foi soberbo! O calor humano na sala da Junta de Freguesia foi inolvidável.Bem Hajas Luís por mais este momento partilhado!...quanto ao livro que já espreitei, o que dizer? apetece reler cada depoimento, porque são tesouros.
19 Dezembro, 2005 15:44
Sonia F. disse...
Luis, foi uma honra (como já te disse pessoalmente) ter sido convidada para apresentar esta obra tão importante e tão humanista! Tive muita pena de não ter ficado mais tempo. Foi de facto muito sentido tudo o que se ouviu e se viu. Muitos muitos parabéns e muito obrigado por este momento magnífico.
19 Dezembro, 2005 16:11
Guida Alves disse...
Fico feliz por saber que tudo correu pelo melhor, que foi um convívio caloroso, a amizade derramada e repartida. Pena não ter podido ir... Uma próxima vez será!
20 Dezembro, 2005 00:02
Manuel Antunes disse...
Caro Luís Maçarico, Conforme já manifestei no seu blog "Era Uma Vida Triste!..." gostaria de poder usar o testemunho ali reproduzido num trabalho que estou a preparar para a net. Trata-se de um projecto sem fins lucrativos (um hobby praticado por pessoas que gostam de se "perder" no meio da natureza) e que, se fôr bem sucedido, poderá levar algumas dessas pessoas a percorrer os caminhos trihados outrora; sentir o elan dos locais, apreciar as paisagens, passar a fronteira a pé e regressar, procurar os Calvários, sentir o seu significado, etc... Por isso, peço-lhe que me indique um endereço de e-mail para eu lhe enviar o pedido juntamente com os detalhes do trabalho que estou a pensar fazer.
Cumprimentos,Manuel Antunesmantunes@netc.pt (o mail correcto é este)
20 Dezembro, 2005 22:39
augustoM disse...
A raia, e a história o tem provado, não tem nacionalidade, mas somente uma bandeira, a da fraternidade.Um Feliz Natal e a concretização de todos os sonhos em 2006, são os meus votos.Um abraço. Augusto21 Dezembro, 2005 18:28

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Adeodato Barreto: Sessão evocativa na Universidade de Coimbra




Olavo Rasquinho, Sónia Frade, Dina Mira, eu próprio, os presidentes da Junta e da Câmara Municipal de Aljustrel, e muita gente de Goa, Coimbra e Aljustrel, participaram na homenagem nacional, realizada ontem, a Adeodato Barreto no Arquivo da Universidade de Coimbra.
Fomos dar mais um abraço fraterno a Kalidás Barreto e sua família, participando na evocação, que além das intervenções realizadas, apresenta um aliciante incontornável: a exposição e o magnífico catálogo.
(fotografias de Francisco Colaço)
De "'AGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 16:22 2 comentários
COMENTÁRIOS
stillforty disse...
LuisDeixei um postal para ti na outra face do espelho, umas lembranças virtuais, das que não temos de gastar dinheiro, só o coração.Beijos, amigoGostas da hedy Lamarr?
16 Dezembro, 2005 02:24
oasis dossonhos disse...
Obrigado. Gosto de tudo o que é partilhado com carinho.
16 Dezembro, 2005 15:5

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

Jantar evocativo de Adeodato Barreto










Constituído no próprio dia da fundação da "Aldraba - Associação do Espaço e Património Popular", o Grupo de Trabalho Adeodato Barreto, tem vindo a reunir com regularidade. Em Julho apresentou uma proposta à Comissão de Toponímia de Lisboa, para que uma rua da cidade seja baptizada com o nome de Adeodato Barreto.
Ontem, na presença dos presidentes da Assembleia Municipal de Aljustrel, professor Luís Bartolomeu e da Junta de Freguesia de Aljustrel, engº Francisco Colaço (foto nº 4), Odete Silva (foto nº 7), filha de Edmundo Silva, discípulo de Adeodato e de Kalidás Barreto ( foto nº6), filho do homenageado, o Grupo de Trabalho Adeodato Barreto dinamizou um Jantar Evocativo do centenário do nascimento daquele vulto da cultura luso-indiana.
O acto, ao qual se associaram diversos membros dos corpos sociais da Aldraba, decorreu na Casa do Alentejo, tendo sido complementado com uma pequena tertúlia, com testemunhos sobre o Mestre e poesia de sua autoria.
A Associação participará em Abril de 2006, com uma exposição, nas comemorações previstas para Aljustrel.
Nesse evento, espera-se uma boa adesão de associados e amigos, que desejem partilhar na vila mineira do Baixo Alentejo sabedorias e sabores.
(fotografias de Sónia Frade-1, 8 e 9- e de LFM-2 a 7)

De “ÁGUAS DO SUL”
Postado por oasis dossonhos às 16:59 2 comentários

COMENTÁRIOS
a gata de veludo disse...
E a gata traz aqui mais um miado s/o Adeodato em Coimbra:
no SuperGoa:
Renhaunhaus para ti.
06 Dezembro, 2005 22:03
Mendes Ferreira disse...
BEIJOS.
07 Dezembro, 2005 15:37